Em uma cena constrangedora na Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confrontou o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, sobre alegações de um suposto genocídio branco no país.
Após um início de conversa amigável, o presidente Donald Trump pediu à sua equipe que exibisse vídeos que mostrariam supostas evidências que, segundo ele, estariam ocorrendo um “genocídio branco na África do Sul”. O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, assistiu a tudo, sentado ao lado de Trump em silêncio. Depois afirmou: "Gostaria de saber onde fica isso, porque nunca vi esses vídeos".
Ramaphosa tinha em sua comitiva ministros brancos e explicou a Trump que as taxas de homicídio são altas no país, mas que a esmagadora maioria das vítimas é negra. Trump o interrompeu dizendo que os fazendeiros não são negros. O presidente sul-africano manteve a calma e então respondeu em tom apaziguador: “Essas são preocupações sobre as quais estamos dispostos a conversar com você”.
Desde que assumiu o governo, Trump vem criticando a lei de reforma agrária da África do Sul, que visa reparar as injustiças do apartheid - regime de segregação racial que vigorou no país por quase cinco décadas, até 1994, e tinha como objetivo manter a dominação política, social e econômica da população branca sobre a população negra.
Trump acusa o governo sul-africano de confiscar terras de fazendeiros brancos. Desde então, o republicano cancelou ajuda, expulsou o embaixador do país e ofereceu refúgio à "minoria branca" africâner com base nas alegações de discriminação racial que a África do Sul diz serem infundadas.
Na semana ada, um grupo de 59 sul-africanos brancos chegou aos Estados Unidos como refugiados, apesar do governo da África do Sul afirmar que eles não sofriam nenhum tipo de perseguição.
Editorial - por Luciana Barreto:
A extrema direita sul-africana instaurou no país um regime segregacionista, supremacista e opressor, como jamais vimos na história. Em 1949, o apartheid proibia negros de andarem pelo próprio país, sem uma carteirinha de permissão. Criou espaço só para brancos e outro para negros. Impediu relações entre eles. Eram dois milhões de brancos dominando 87% do território e oito milhões de negros.
As consequências históricas desse período são sentidas até hoje. Por isso, o encontro de ontem entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, foi constrangedor. Ao mesmo tempo que no poderoso salão oval da nação mais rica do mundo, fatos históricos são distorcidos, países apelam para a entrada de ajuda humanitária na faixa de Gaza, porque, por lá sim, é muito real. As pessoas estão morrendo de fome, muitas delas crianças.
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