O primeiro depoimento da delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, revela que o ex-presidente da República teria sido orientado por três grupos durante o processo eleitoral de 2022: conservadores, moderados e radicais.
Esse depoimento do tenente-coronel Mauro Cid foi prestado à Polícia Federal em agosto de 2023. Depois disso, ele prestou pelo menos mais nove depoimentos, que serviram de base para investigação. Nessa primeira fala à PF, o tenente-coronel fala da existência de grupos próximos ao ex-presidente Jair Bolsonaro e sobre como agir diante da derrota nas eleições.
Havia uma ala mais radical, que insistia para o ex-presidente dar um golpe. Nesse caso, eram duas frentes. Uma queria encontrar provas de supostas fraudes nas urnas. Um dos integrantes desse grupo seria o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto. Ele é um dos 37 indicados pela Polícia Federal em novembro. A outra frente defendia que, quando o presidente desse a ordem, ele teria o apoio do povo e dos CACS, que atuariam como uma tropa civil. Nesse grupo estariam, segundo Cid, o deputado federal Eduardo Bolsonaro e a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Nenhum deles consta no relatório final da PF.
Outro grupo seria de pessoas mais moderadas, que não concordavam com o resultado das eleições, mas diziam que nada poderia ser feito. Eles teriam aconselhado o ex-presidente a mandar o povo para casa e a se colocar como líder da oposição. Nesse depoimento, Cid também revela que Jair Bolsonaro não queria que os acampamentos em frente aos quartéis fossem desfeitos e que esperava um clamor popular para reverter o resultado das eleições.
A defesa do ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, manifestou, em nota, indignação sobre o que chamou de vazamentos seletivos. Também alegou que a defesa não teve o à delação premiada de Mauro Cid na íntegra. E ainda chamou as investigações da Polícia Federal de semissecretas, em que, para as defesas, é dado o seletivo de informações, impedindo o contexto total dos elementos de prova.
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