Morreu ontem, aos 89 anos, o ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica. Ele enfrentava um câncer de esôfago, descoberto em estado avançado. Ex-guerrilheiro, lutou contra a ditadura militar de extrema-direita no Uruguai. Ex-preso político, Mujica foi uma referência para os movimentos sociais na América Latina. Mujica governou o Uruguai de 2010 a 2015.
José Alberto "Pepe" Mujica era um homem de hábitos simples: dirigia o próprio carro, um Fusca. Austero, não gostava das reverências protocolares do cargo que ocupou: a Presidência. Quando assumiu, dispensou o palácio. Preferiu o sítio, na periferia de Montevidéu, onde vivia com a mulher e cultivavam flores.
À frente do governo, Mujica estabeleceu como prioridade reduzir em 50% os índices de miséria e de pobreza no Uruguai. Entre as novidades do governo, Mujica aprovou uma lei que legalizou a venda de maconha no país.
A carreira política de Mujica começou na juventude, na década de 1950. Nos anos 60, houve um processo de radicalização política no Uruguai. Mujica ingressou num grupo revolucionário de esquerda: os Tupamaros. Em 1973, os militares deram um golpe de Estado. Mujica foi preso. Foram quase 15 anos de cadeia. Não escapou das seções de tortura. Foi libertado graças a uma anistia decretada em 1985.
Voltou à vida pública e ocupou vários cargos eletivos, até ser escolhido presidente. Quando deixou o governo, Mujica tornou-se senador por duas vezes. Mas renunciou por causa da pandemia de coronavírus. Apesar de não ocupar mais cargos públicos, Mujica apoiou campanhas de esquerda e centro-esquerda na América do Sul: aconselhou, orientou e também criticou.
O estilo austero de vida, a formação humanista e as ideias progressistas e solidárias fizeram de Pepe Mujica uma liderança política conhecida em todo o mundo.
O mais pobre do mundo? 115660
Pepe Mujica construiu uma trajetória impressionante exaltando a simplicidade, como você viu. Por conta desses hábitos, chegou a ser chamado de “o presidente mais pobre do mundo”. Ele rebateu esse título com algo que fazia com excelência: construir frases sábias. Disse ele, em entrevista à BBC “Eu não sou um presidente pobre. Pobres são os que querem sempre mais, que não se satisfazem com nada.”
Pouco antes de morrer, Pepe Mujica nos ensinou também sobre como enfrentava a morte. Disse: "Peço que me deixem. Terminou meu ciclo há algum tempo. Sinceramente, estou morrendo. E o guerreiro tem direito ao seu descanso.
Brasil decreta luto oficial de três dias 361w4w
No Brasil, a perda de Pepe Mujica repercutiu entre políticos e mobilizou o presidente Lula, que está em viagem à China. Todos lamentaram a morte do líder latino-americano e exaltaram sua grandeza. Líderes políticos se pronunciaram sobre a morte do ex-presidente uruguaio e ícone da política da esquerda latino-americana, José "Pepe" Mujica.
O governo brasileiro decretou luto oficial de três dias. O ato foi assinado pelo presidente em exercício, Geraldo Alckmin. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou, na rede social X, que: “Mujica aliou a coragem à doçura, a luta à compaixão. Deixa um legado de esperança, um convite a um humanismo radical.”
Também nas redes sociais, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, disse que Pepe Mujica foi um dos maiores líderes políticos do mundo. E usou uma frase do próprio Mujica para encerrar a homenagem: um guerreiro tem direito ao seu descanso.
Ontem, o presidente Lula, ainda cumprindo agenda na China, concedeu uma declaração à imprensa sobre os resultados da viagem. Lula lembrou com carinho do ex-presidente uruguaio e lamentou a morte do amigo Pepe Mujica.
Líderes mundiais homenageiam Mujica u696u
Diversos líderes mundiais lamentaram a morte de Pepe Mujica. A presidente do México, Claudia Sheinbaum, disse que Mujica foi um exemplo para a América Latina e o mundo inteiro, pela sabedoria, pensamento e simplicidade.
O presidente da Bolívia, Luis Alberto Arce, afirmou que Mujica foi um verdadeiro farol de esperança, humildade e luta pela justiça social. E que sua vida foi um testemunho de rebeldia e amor ao seu povo.
Gustavo Petro, presidente da Colômbia, escreveu “Adeus, meu amigo. Tomara que a América Latina um dia tenha um hino. Tomara que a América do Sul um dia se chame Amazônia”, se referindo a um projeto de integração da América Latina.
O presidente da República Dominicana, Luis Abinader, destacou que Mujica é uma referência moral e humana. Para o presidente da Guatemala, Bernardo Arevalo, o ex-líder uruguaio foi um exemplo de humildade e grandeza. E seu trabalho e suas palavras são legado, caminho e esperança ao mesmo tempo.
Gabril Boric, presidente do Chile, ressaltou que Mujica nos deixa a esperança inabalável de que é possível fazer as coisas melhor e a convicção inegociável de que, enquanto nosso coração bater e houver injustiça no mundo, vale a pena continuar lutando.
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