Arranha-céu é a palavra utilizada no Brasil para designar prédios muito altos. O termo em inglês, “skyscraper”, foi inventado no final do século 19 para se referir às edificações com mais de 10 andares que começavam a despontar nos céus das metrópoles.
Hoje em dia, no mundo todo, prédios cada vez mais altos são erguidos. De acordo com o Council on Tall Buildings and Urban Habitat (CTBUH), na lista dos dez mais altos, sete estão no sudeste asiático, cinco deles na China. Atualmente, o mais alto do mundo é o Burj Khalifa, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos: são 163 andares e 828 metros de altura.
Conhecida como a Dubai Brasileira, Balneário Camboriú, ou simplesmente BC, no litoral de Santa Catarina, é a cidade com alguns dos prédios mais altos do país. Segundo o CTBUH, dos dez mais altos do Brasil, sete estão em Balneário. A arquitetura dos edifícios e as belezas naturais fizeram da cidade um dos destinos turísticos mais procurados do país. De acordo com a Secretaria de Turismo do município, no último verão, Balneário recebeu dois milhões de turistas.
Nossa equipe de reportagem “desceu pra BC” para conhecer de perto alguns destes empreendimentos. Com isso, visitamos um apartamento de luxo naquele que, hoje, é o prédio mais alto do Brasil, o Yachthouse, que conta com duas torres, cada uma com 81 andares e 294 metros de altura. Para o especialista em imóveis de luxo Guilherme Pilger, a cidade é um dos melhores lugares para quem deseja trabalhar como corretor de imóveis: “Aqui é a melhor região, porque é um alto padrão. Então, qualquer venda que um corretor fizer aqui, ele realmente pode mudar de vida”.
De acordo com o Censo do IBGE de 2022, com cerca de 140 mil habitantes, Balneário Camboriú é a segunda do país com a maior proporção de habitantes morando em apartamentos: 57% da população. Para quem mora na cidade, nem sempre é fácil alugar um apartamento bom e barato. É o caso do motorista Teillor Edgar Kleinebing, que precisou se mudar com a família para Itajaí, cidade próxima de BC, devido ao alto valor dos alugueis na cidade. “Nós morávamos em Balneário 10 anos no mesmo lugar. Então, o aluguel era um pouco mais em conta por causa do tempo que a gente estava morando no apartamento. E o dono resolveu vender o apartamento lá em Balneário, até porque valoriza demais. Ele vendeu o apartamento e nós tivemos 30 dias para sair. Um imóvel lá em Balneário Camboriú, a gente viu que o preço estava exorbitante”, explica.
A capital paulista é também conhecida pelo skyline dos prédios altos. Apesar de vários edifícios do centro da cidade chamarem atenção pela altura, como o Edifício Itália, com 165 metros; o Altino Arantes, atual Farol Santander, com 161; e o Mirante do Vale, com 170; atualmente, o prédio mais alto da capital paulista fica na zona leste. O Platina 220 tem 50 andares e 172 metros de altura.
Há dois anos, o produtor musical Ricardo Lira mora no edifício, em um apartamento alugado. Devido às comodidades, já pensa em comprar. “Se eu não precisar sair de casa é melhor. E então se eu trago o cliente para cá, atendo no lobby do hotel ou atendo no Vila Café, para mim é maravilhoso”, enfatiza.
São Paulo tem a mais forte expansão vertical do país. Dados do Secovi-SP mostram que em 2024 foram lançados cerca de 104 mil imóveis na cidade, um crescimento de 43% em relação ao ano anterior. Quatro em cada cinco são imóveis de até 45 metros quadrados. 66% destes lançamentos estão concentrados nos distritos mais valorizados e centrais.
O crescimento vertical tem trazido diversas outras questões. Em Pinheiros, bairro da zona oeste da cidade, moradores se mobilizam para manter o modo de vida e as casas que formam o Quadrilátero Vilas do Sol. Em 2021, solicitaram o tombamento de toda a área à Prefeitura. O parecer provisório favorável saiu dois anos depois, mas em fevereiro deste ano a maior parte das solicitações de tombamento foi arquivada e nove casas foram demolidas. No local, deve ser erguido um prédio de 26 andares.
Em frente à casa da publicitária Rosanne Brancatelli, estão os tapumes da obra do novo prédio. Ela e outros moradores fazem parte do Movimento Pró-Pinheiros. “Não é um tombamento arquitetônico. A gente não tem Notre Dame aqui, entende? [...] Não é uma coisa desse patamar, é um patamar humano, é um patamar de existência, de convivência, de modo de vida. [...] Enquanto a gente conseguiu a zona predominantemente residencial, eles conseguiram protocolo para construir um prédio da altura de 30 andares, 85 metros de altura… Então, como é que você vê essa área baixa com um prédio no coração dessa área baixa de 30 andares?”, questiona.
Para o arquiteto e urbanista Valter Caldana, os prédios altos “têm efeitos positivos no sentido do adensamento, da economia, etc., mas hoje se sabe que eles têm efeitos nocivos importantes: ventilação, iluminação. questões de salubridade, impactos nos biomas, na vegetação, na fauna e na flora, são todos muito fortes, são proporcionais ao seu tamanho [...] Ou seja, se concentra a energia na verticalização, mas há os investimentos complementares, e que não são apenas complementares, que deveriam ser investimentos já estruturais, que são necessários, e não acontecem”, finaliza.
O episódio “Cidades Verticais: o impacto dos arranha-céus”, do Caminhos da Reportagem, aborda pontos positivos e negativos desse tipo de construção, evidenciando questões ligadas à sustentabilidade, mudanças climáticas e aspectos sociais. O programa vai ao ar nesta segunda-feira, 5 de maio, às 23h, na TV Brasil.
Ficha técnica:
Reportagem - Dimas Soldi
Produção - Thiago Padovan
Apoio à produção - Ana Graziela Aguiar
Apoio operacional à produção - Acácio Barros e Lucas Cruz
Reportagem cinematográfica - Alexandre Nascimento e JM Barboza
Apoio à reportagem cinematográfica - Cadu Pinotti
Auxílio técnico - Maurício Aurélio Marcelo
Colaboração técnica - João Batista de Lima e Wladimir Ortega
Edição de texto - Thiago Padovan
Apoio à edição de texto - Ana Graziela Aguiar
Edição e finalização de imagem - Rodrigo Botosso
Assessoria - Maura Martins
Arte - Aleixo Leite, Carol Ramos e Wagner Maia
Trilha sonora - Ricardo Vilas
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