Uma grande parte da população brasileira coloca a mão na frente da boca ao sorrir. Esconde as mutilações que sofreu durante a vida: a retirada dos dentes. “A cada quatro pessoas no Brasil que têm 65 anos ou mais, três são desdentados”, afirma Gilberto Pucca, professor de Odontologia da Universidade de Brasília (UnB). A saúde bucal é o tema do próximo Caminhos da Reportagem.
A partir de maio de 2023, ou a ser obrigatória a garantia de atendimento odontológico gratuito pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Gestores municipais, estaduais e federais não podem mais se negar a colocar a saúde bucal a serviço da população”, afirma Doralice Severo da Cruz, coordenadora-geral de Saúde Bucal, do Ministério da Saúde. A equipe do Caminhos da Reportagem viajou pelo país para mostrar como tem sido, na prática, a garantia desse direito.
No interior do Rio Grande do Norte, em Jardim de Piranhas, encontramos serviços públicos de atenção primária (mais básicos) e secundária (especializados). O município foi um dos primeiros com menos de 20 mil habitantes a se credenciar para os doi tipos de atendimento e receber recursos do Ministério da Saúde, dentro do Programa Brasil Sorridente.
Nos locais em que ainda não há serviços especializados, os desafios são maiores. No caso do Quilombo Sucurijuquara, na Ilha de Mosqueiro, no Pará, o atendimento odontológico é algo mais recente e ainda está na atenção primária. "Como é uma comunidade mais afastada do centro, a gente percebe desafios, como a prevalência de cárie, uma grande necessidade de extrações”, avalia a dentista Helenice Farias Valente.
Básico e essencial
O atendimento básico é essencial para que o paciente não necessite da atenção mais especializada. Toda semana, a dentista Camila Ferreira se desloca para a Ilha de Combu, no Pará, fazendo atendimentos e prevenção, em casas e escolas. Com a higienização correta e o acompanhamento profissional, a ideia é que as crianças não tenham que ar por procedimentos mais complexos.
Além disso, a atenção básica também tem servido para identificar vítimas de violência sexual. Áquila Dantas trabalha no Centro de Especialidades Odontológicas de Natal, Rio Grande do Norte, e já ajudou a identificar vítimas de abuso. Ela é especialista em atendimento a pessoas com deficiência e chama a atenção para os casos de violência sexual neste grupo.
“As pessoas com deficiência são 5 vezes mais abusadas em comparação às pessoas sem deficiência”, afirma a dentista. E completa: “a gente tem que chamar a atenção dos dentistas, para saberem a importância que têm na vida destas pessoas, eles podem libertar crianças e adolescentes de abusadores”.
Todas essas histórias estarão no episódio “Pelo direito de sorrir”, do programa Caminhos da Reportagem, que vai ao ar no domingo (10/03), às 22h, na TV Brasil.
Ficha técnica
Reportagem: Flavia Peixoto
Produção: Claiton Freitas
Reportagem cinematográfica: Rogerio Verçoza
Auxílio técnico: Rafael Calado
Apoio produção: Thiago Padovan
Apoio reportagem cinematográfica: Sigmar Gonçalves (DF) e JM Barboza (SP)
Apoio auxílio técnico: Dailton Alves (DF), Marcelo Vasconcelos (DF) e Ivan Meira (SP)
Edição de texto: Carina Dourado
Edição de imagens e finalização: Rivaldo Martins
Arte: Caroline Ramos e Alex Sakata
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