Digite sua busca e aperte enter 4k505d

Compartilhar:

Colo vazio – histórias de luto materno 3n2m6i

71h3a

Caminhos da Reportagem 2v5q3i

No AR em 18/02/2024 - 22:00 6z3419
183s5w

Estimativas mostram que cerca de 20% das gestações não evoluem, resultando em perdas gestacionais. Natasha Kurtzenbaum, psicóloga e empresária, perdeu o filho Pedro uma semana antes da data prevista para o parto. “Era uma sexta-feira e a gente foi fazer uma ecografia. O coraçãozinho dele não estava mais batendo. Foi um choque. Na hora que acontece a perda, você não acredita”, conta.

Caminhos da Reportagem - Luto materno - Natasha
Natasha Kurtzenbaum, empresária e psicóloga, conta a história do seu filho Pedro, que partiu uma semana antes do parto - Divulgação/TV Brasil 702w3w

Fragilizada, Natasha ainda teve que tomar uma difícil decisão: optar entre o parto normal ou a césarea do filho que havia partido. Após a cirurgia, teve vontade de vê-lo, de pegá-lo no colo. Mas, no hospital, alegaram que ele havia sido levado para um local muito longe de onde Natasha estava internada.

“Estava recém-operada, minha mãe estava comigo no hospital. Meu esposo foi atrás do processo do cemitério. Naquele momento, eu pensei: quero ver o Pedro. Isso é o mais difícil de tudo, não ter visto, não ter sentido o cheiro. Porque, depois, quando você começa a compreender o processo do luto, entende que essa criação de memórias faz parte. Todo mundo viu meu filho, menos eu”, desabafa Natasha.

A psicóloga Luiza Geaquinto explica a importância de a mulher ser orientada sobre seus direitos no momento de uma perda gestacional ou neonatal. “A importância de ela entrar em contato com o seu bebê, pegar no colo, tocar, se ela quiser vestir, mostrar pra outros familiares... A literatura tem mostrado que mães que entram em contato com o seu bebê conseguem elaborar melhor esse luto posteriormente, porque ela consegue ressignificar esse momento”.

Caminhos da Reportagem - Luto materno - jardim
 "Você não está sozinha, você não precisa viver isso sozinha", afirma a escritora Camila Goytacaz que viveu a luta do filho José - Divulgação/TV Brasil 42271j

A carioca Amanda Melo perdeu seu filho após ter complicações no parto. “Enrico nasceu em uma tentativa de parto normal mal istrada. Hoje, eu acho que eu vivi uma violência obstétrica. O parto normal foi revertido em uma cesárea e o Enrico nasceu em parada cardiorrespiratória. Viveu 47 dias e se foi, se libertou dos aparelhos do centro de terapia intensiva (CTI) e foi viver uma vida em outra dimensão”.

Amanda conta que viveu o luto ao lado do marido e da filha Beatriz, que tinha 4 anos à época. “Ela foi o nosso farol. A gente atravessou porque tinha ela iluminando esse percurso super difícil. Bia é uma menina que honra desde sempre a existência desse irmão. É ela que me lembra, quando alguém me pergunta quantos filhos eu tenho, de falar do Enrico, que ele existiu e faz parte da nossa família”.

A psicóloga Camila Altavini ressalta a importância do acolhimento dos irmãos no caso de uma perda. “Inserir essa criança, explicar para ela o que que significa essa perda e ajudá-la também a processar como uma perda de alguém que faz parte da família”.

Fotos dos bebê que partiram 6k146q

A mineira Paula Beltrão é fotógrafa e, ao longo da carreira, se especializou em registrar partos. Um dia foi procurada por uma cliente que estava grávida de um bebê com uma doença incompatível à vida. “E ela me contratou para registrar esse nascimento, disse que seria o momento dela com o bebê, o momento da despedida. E disse que queria ter esses momentos eternizados através de um registro fotográfico, com um olhar de carinho. Esse bebê viveu uma hora e 20 minutos. Ele partiu no colo da mãe, muito sereno, em um ambiente de muito amor”.

Caminhos da Reportagem - Luto materno - Paula
Paula Beltrão é fotógrafa especializada em partos e faz registros de bebês que partiram - Paula - Divulgação/TV Brasil 6e4l6s

Paula faz parte do Grupo Colcha, um grupo de apoio à perda gestacional e neonatal, sediado em Belo Horizonte. Entre as ações de apoio às famílias enlutadas, está o “kit memória”, uma caixa com registros do bebê que é entregue às famílias acolhidas. Dentro da caixa, além de uma fotografia do bebê, a mãe recebe um quadrinho com a imagem do pezinho do bebê carimbado, um saquinho com uma mecha do cabelo e dois arinhos de crochê, símbolo do grupo. “A gente orienta a família a deixar um arinho dentro da caixinha e o outro deixar no caixãozinho com o bebê quando ele é enterrado”, explica.

No início da gestação 1c2l47

A maioria das perdas acontecem no início da gestação. A escritora Damiana Angrimani, autora do livro “Perdi meu bebê”, conta que, durante o primeiro exame gestacional, foi constatada ausência de batimentos cardíacos. “Em 2013, eu e meu companheiro planejamos uma gestação e rapidamente engravidamos. Quando a gente foi fazer o primeiro ultrassom para ouvir o coração do bebê, a médica nos informou que não tinha batimentos. E a partir daí começou toda uma série de acontecimentos que me fizeram perceber o quanto nós não estamos instrumentalizados para estar com famílias que perdem seus bebês”.

Damiana explica que ficou na mesma ala das pessoas que estavam tendo os bebês, em frente a um berçário. “Então todos os quartos tinham enfeites de porta de maternidade, menos o meu”.

A jornalista Ana Laura Cartaxo ou por uma situação parecida. Ao perder o bebê no início da gestação, teve de ficar no mesmo ambiente onde mulheres vivenciavam o trabalho de parto. “É tudo muito confuso, porque você fica naquele espaço com um monte de grávidas. Enquanto eu esperava, duas grávidas desceram para sala de parto para ter neném. E eu vendo aquilo tudo. Pode ser rotina para os médicos, mas não é para mim. Foi a primeira vez que eu perdi um neném”, desabafa.

Altavini ressalta a importância de os profissionais da saúde estarem capacitados para lidar com as famílias enlutadas. “É importante colocar essas mulheres num espaço que seja mais adequado, para elas não começarem a imaginar todos os desfechos possíveis dessa falta de batimento cardíaco”.

Colo vazio 5s5f5k

A terapeuta corporal Kamilla Kelly Barbosa também atravessou o luto materno. “Foi um processo profundo, onde precisei me recolher bastante, juntar alguns caquinhos, reconhecer as minhas feridas, limpar elas, cuidar delas... Porque a morte é um portal dentro da vida e quando eu entendo isso, quando eu posso viver meus lutos, eu atravesso esse portal e a vida segue”, descreve.

Kamilla, após a perda do seu filho Gabriel, criou o grupo “Mães de estrelas” no Facebook, em parceria com uma amiga, também enlutada. “É muito curador você poder sentar em roda com outras mulheres que aram por situações muito parecidas, ou mais difíceis do que a sua, e a gente poder se ouvir. Isso é de uma cura muito grande”.

Caminhos da Reportagem - Luto materno - Camila Goytacaz
A escritora Camila Goytacaz é autora de "Até breve, José", livro que conta a história do filho que viveu apenas 11 dias - Divulgação/TV Brasil e3u2t

A escritora Camila Goytacaz transformou a dor do luto em livro. “Até breve, José” começou a ser escrito enquanto ela ainda gestava o filho, que partiu apenas 11 dias após o parto. “Eu falo que a gente atravessa o deserto do luto. Então deixei essa dor me atravessar e depois pude ofertar isso para tantas mães. Todos os dias eu recebo mensagem de alguma mãe que me agradece pelo livro e diz estar ando pelo que ei”.

Quando perguntada sobre qual conselho daria a uma mãe que perdeu seu bebê, Camila responde: “eu sei o que você tá ando. Você não está sozinha. Você não precisa atravessar sozinha. Vai melhorar. Confia na vida”.

Ficha Técnica

produção, reportagem e edição de texto - Marieta Cazarré
apoio à produção - Claiton de Freitas
reportagem cinematográfica - Sigmar Gonçalves e Rogério Verçoza
apoio à reportagem cinematográfica - Manoel Lenaldo
auxílio técnico - Alexandre Souza; Marcelo Vasconcelos
apoio ao auxílio técnico - Rafael Calado, Thyago Souza
edição e finalização de imagem - André Eustáquio

Clique aqui para saber como sintonizar a programação da TV Brasil.

Criado em 14/02/2024 - 15:15

Últimas 176mb

Relevo característico da Chapada dos Veadeiros

Caminhos da Reportagem 1i6952

Negócios com o Cerrado em pé 6w681s

Benedicta Cypriano Gomes, a Dica, jovem

Caminhos da Reportagem 1i6952

Santa Dica, uma história não contada 423j4h

Caminhos da Reportagem - Skyline de Balneário Camboriú, no litoral de Santa Catarina

Caminhos da Reportagem 1i6952

Cidades verticais: o impacto dos arranha-céus 401f2n

Caminhos da Reportagem - São Jorge, o santo mais venerado pelos cariocas

Caminhos da Reportagem 1i6952

Salve Jorge, um santo popular 503t16

Caminhos da Reportagem - A Catedral de Brasília impressiona com sua arquitetura moderna e simbolismo espiritual no coração da capital

Caminhos da Reportagem 1i6952

Brasília 65 anos 521od

Caminhos da Reporgatem - Negócio 60+ - capa

Caminhos da Reportagem 1i6952

Negócios 60+, o poder da experiência  6u5j3k

O Brasil tem mais de 480 milhões de dispositivos digitais

Caminhos da Reportagem 1i6952

As telas na era da desconexão 3j5nw

CR_EVASAO_ESCOLAR_BLOCO_1.00_00_07_21.Still004

Caminhos da Reportagem 1i6952

Evasão escolar: sonho interrompido 1t6k6d

Especialistas defendem a redução da produção de plástico

Caminhos da Reportagem 1i6952

Microplástico na veia 28594k

Caminhos da Reportagem - Reunião da Rede de Atenção às Vítimas de Violência do Estado mo Rio de Janeiro

Caminhos da Reportagem 1i6952

Mães de luta 4c6w4q

Centenas de valas abertas no Cemitério de Vila Formosa, o maior da América Latina

Caminhos da Reportagem 1i6952

Covid-19: entre ausências e memórias 1b17i

Ônibus cheio no Distrito Federal

Caminhos da Reportagem 1i6952

Transporte: falta mobilidade, sobra pirataria 231u2m

O que vem por aí 6o5i3d

Prédio do Ministério da Fazenda, na Esplanada dos Ministérios em Brasília

confira as mudanças 3r1b59

Fazenda revoga parcialmente aumento de alíquotas do IOF 4p4h6r

Jane Duboc se apresenta no Espaço Cultural BNDES, no Rio de Janeiro

sábado para domingo, 0h30 a346p

Jane Duboc canta a importância da água em show exclusivo 1j5748

Sebastião Salgado no programa Espaço Público

homenagem | sábado, 23h 5z5x2t

TV Brasil reexibe entrevista com o fotógrafo Sebastião Salgado 2g4i3j