Neste episódio de Samba na Gamboa, Diogo Nogueira tem como convidados os instrumentistas, cantores e compositores Nego Álvaro e Mingo Silva, dois músicos que integram o Samba do Trabalhador e representam uma classe de sambista que tem a música como ofício e religião.
Sambista de vários talentos: compositor, percussionista e cantor, Mingo Silva é natural de Niterói e sempre esteve presente nas rodas de samba do Rio de Janeiro, procurando fortalecer os movimentos do samba de raiz. Com isso teve a oportunidade de conviver e aprender acompanhando como percussionista grandes mestres do samba como Luiz Carlos da Vila, Ratinho, Monarco, Noca da Portela, entre outros. Com uma voz aguda que lhe é peculiar e uma maneira carismática de cantar, possui um repertório multifacetado, interpretando sambas de sua autoria e de compositores já consagrados nas vozes de artistas como Martinho da Vila, Zeca Pagodinho, João Nogueira, Roberto Ribeiro, Cartola etc.
Já Nego Álvaro foi criado na favela chamada Catiri no bairro de Bangu, na Zona oeste do Rio de Janeiro. Cresceu ouvindo seu irmão mais velho, Adelson Santos, tocar instrumentos de percussão. Aos 10 anos de idade ganhou da mãe seu primeiro pandeiro, aos 13 foi pela primeira a uma roda samba, o Pagode da Tia Doca e lá teve uma epifania de que era aquilo que queria pra sua vida. Aos 15 já estava tocando profissionalmente no Pagode da Tia Ciça, e desde então segue uma brilhante trajetória como nome proeminente entre os novos talentos da cena sambista. Em 2016 lançou pelo selo Coqueiro Verde seu primeiro CD solo “Cria do Samba”, produzido por Pretinho da Serrinha, com músicas de sua autoria, como a faixa-título.
Fazendo parte do Samba do Trabalhador respectivamente desde 2010 e 2011, Nego Álvaro e Mingo Silva são músicos fixos da roda comandada pelo grande Moacyr Luz. Criada em 2005 de forma espontânea e sem pretensões, a roda acontece no Clube Renascença todas às segundas feiras à tarde e já se firmou como um importante reduto para o fortalecimento e a difusão do gênero. No “Rena”, como é chamado pelos íntimos, caravanas de turistas de vários estados batem ponto, artistas dos mais altos calibres já foram dar canja e figuras proeminentes pouco ligadas ao universo do samba já foram vistas.
Além de abordar as trajetórias artísticas de Mingo Silva e Nego Álvaro e a relevância cultural do Samba do Trabalhador, o episódio se vale do tema e da biografia dos dois sambistas para ressaltar a importância dos trabalhadores do samba, artistas que em sua maioria das vezes não têm o reconhecimento da mídia e do público, mas que são responsáveis pela renovação do gênero, a formação de novos públicos e a fertilidade da produção musical fruto da troca entre diferentes artistas.
Pontuando o bate papo, Diogo e os convidados levam à audiência clássicos da roda do Samba do Trabalhador, como “Cabô, meu pai”, “Lendas da “Mata” e “Povo do Ayê”, imprimindo o calor e a eletricidade que só uma boa roda de samba tem.
Apresentação: Diogo Nogueira
Direção Geral: Belisario Franca
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