Há 120 anos nascia Nise da Silveira. Revolucionária e rebelde, ela conseguiu, com sua coragem, mudar a forma como a sociedade e os próprios médicos lidavam com a saúde e com os transtornos mentais. A trajetória da psiquiatra inspirou até um filme com a atriz Glória Pires como protagonista: “Nise – o coração da loucura” traz a história da médica brasileira reconhecida mundialmente.
Quando Nise começou na profissão estava em voga tratamentos muito agressivos, como a lobotomia. Eram muito mais formas de “desativar” o paciente do que tentar curar. Então, ela começou a desenvolver metodologias que tinham o afeto e a arte como forma de mediação do inconsciente.
Nise da Silveira faleceu em 1999, aos 94 anos. Em sua lembrança, a exposição “Nise – a revolução do afeto” traz uma ressignificação do conceito de loucura, com cerca de 200 obras de 38 artistas. Muitos deles foram pacientes de Nise.
“Loucura, até pouco tempo atrás, era sinônimo de exclusão. E Nise fez um corte no tempo, trazendo a ideia de inclusão, de que se está lidando com um ser humano, que tem uma história, que tem uma dor, que tem um trauma, que tem uma ancestralidade, que tem uma história própria”, explica o psiquiatra Pedro Leopoldo.
O Hospital Psiquiátrico Engenho de Dentro, já rebatizado como Instituto Nise da Silveira, era o maior e mais antigo da área no Brasil. Encerrou a internação de pessoas em 2021, na esteira da lei antimanicomial, que prevê o fechamento gradual de manicômios e hospícios. Eles foram dando lugar aos tratamentos não-hospitalares, como nos Centros de Atenção Psicossocial, os CAPs, que prestam assistência psicológica e médica, visando reintegrar os doentes à sociedade. Mais uma vez o conceito de inclusão.
A exposição “Nise – a revolução do afeto” está em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília, e no Sesc de Sorocaba, em São Paulo. Importante lembrar que o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza de graça tratamento psiquiátrico para todas as faixas etárias, inclusive em casos de uso prejudicial de álcool e outras drogas. Quem precisa de atendimento pode procurar um Centro de Atenção Psicossocial (CAPs). Existem mais de três mil unidades em todo o país.
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