O presidente Lula elevou o tom em relação às tarifas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros. Lula falou em retaliação e até em recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC).
O governo brasileiro esperou cinco dias para se posicionar de maneira mais firme e prometeu reagir de forma proporcional à decisão dos Estados Unidos de elevar para 25% a cobrança de impostos sobre as importações de aço e alumínio, além de endurecer a tributação sobre outros produtos. Nesse caso, seriam aplicadas as chamadas tarifas recíprocas, ou seja, os Estados Unidos cobrariam de países como o Brasil o mesmo percentual de imposto que os americanos enfrentam ao vender para esses mercados. Essa medida é vista como protecionista e até retaliatória, pois dificulta o comércio entre os países.
Em entrevista concedida a uma rádio do Pará, o presidente Lula afirmou que qualquer reação contra o Brasil será tratada com reciprocidade. Ele também prometeu acionar a OMC e adotar contramedidas contra produtos importados dos Estados Unidos:
"Eu ouvi dizer que vai taxar o aço brasileiro. Se taxar o aço brasileiro, nós mas vamos reagir comercialmente. Ou vamos denunciar na Organização Mundial do Comércio ou vamos taxar os produtos que importamos deles. A relação entre Brasil e Estados Unidos é uma relação muito igualitária. Eles importam de nós US$ 40 bilhões, e nós importamos deles US$ 45 bilhões. É o único país do mundo que tem superávit com relação ao Brasil. Então, nós queremos paz, não queremos guerra."
Essa foi a fala mais dura do governo brasileiro desde o anúncio do pacote tarifário feito por Donald Trump, no último domingo. O memorando assinado pelo presidente americano detalha a criação dessas tarifas recíprocas e cita, por exemplo, o etanol brasileiro, que entra nos Estados Unidos com uma taxa de aproximadamente 2,5%, enquanto o etanol americano é tarifado no Brasil em 18%.
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, reagiu mencionando o caso do açúcar brasileiro, que, ao ultraar a cota de importação estipulada em um acordo bilateral, a a ser taxado nos Estados Unidos em até 90%. No entanto, Alckmin adotou um tom mais moderado que o de Lula e afirmou confiar no diálogo com as autoridades americanas, destacando que as medidas não têm efeito imediato.
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