Após quatro séculos de espera, o manto sagrado Tupinambá finalmente foi reapresentado aos indígenas da etnia e a autoridades convidadas, na noite desta quinta-feira (12).
“Por anos e anos, nós fomos lesados, roubados no Brasil, e ter esse momento de repatriar um objeto, utensílio sagrado para o povo Tupinambá, representa muito, porque outros povos também sofreram essa mesma agressão em anos anteriores”, desabafa o coordenador de Direitos Sociais Indígenas, Jecinaldo Sateré
A expectativa para ver de perto o manto era grande. Afinal, foi muito tempo de espera. Os Tupinambás vieram de Olivença, no litoral da Bahia, e chegaram ao Rio de Janeiro no fim de semana ado. São cerca de 170 pessoas, que estão realizando uma vigília durante esses dias na Quinta da Boa Vista, onde fica o Museu Nacional. O manto é mais que um objeto raro para eles. É considerado um ancestral, um espírito ancião para o qual seu povo deve respeito, e sinal de bom presságio para suas lutas. A principal delas, a demarcação de seu território na Bahia, que foi delimitado há 15 anos.
Na segunda-feira, um pequeno grupo teve a oportunidade de se encontrar com o manto, numa sala reservada. O objeto, que é feito com penas de ave Guará, estava há quatro séculos exposto em um museu da Dinamarca. Chegou em julho no Brasil depois de uma articulação que envolveu instituições do Brasil e da Dinamarca, como o governo brasileiro, museus dos dois países e lideranças do povo Tupinambá.
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