As mãos que separam as mechas e as juntam novamente em vários tipos de tranças carregam mais que uma técnica de penteado: elas reforçam a cultura, a história e a resistência do povo negro. E ainda mais: geram memórias afetivas desde a infância.
“Quando eu falo de modos de vida, é pensar que a trança é algo que a gente aprende primeiro no nosso domicílio, quando as nossas mães, as nossas avós, as nossas matriarcas colocam a gente ali no colo, entre as suas pernas, e normalmente nos finais de semana, trançam os nossos cabelos, né? Então, a trança nasce a partir dessa perspectiva de cuidado e de sociabilização entre mulheres negras", afirma Layla Maryzandra, coordenadora do Tranças no Mapa.
O trançar cabelos tem um significado amplo: ele entrelaça história, cultura, ancestralidade, afetividade e sustento. É por meio das tranças que muitas mulheres negras colocam o alimento em casa.
Ana Paula é uma trancista que transformou o aprendizado em família em uma forma de sustento e, ao mesmo tempo, de estimular a autoestima de seus clientes. “Eu vejo muito o olhar do cliente quando o cabelo está pronto, que ele está vendo o espelho, e o sorriso que ele dá. Então é uma autoestima que está ali resgatada, que está salva. Para mim, Ana Paula, essa é a parte mais bonita: ver a pessoa se sentindo bonita com uma trança no cabelo", conta ela.
A pesquisadora Luane Bento afirma que é preciso reconhecer como profissão o trabalho das trancistas e seguir em luta contra o racismo.
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