O Supremo Tribunal Federal (STF) ouviu nesta quarta-feira (28/5) mais duas testemunhas de defesa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro. Ele é um dos réus do chamado núcleo crucial da tentativa de golpe de Estado.
O primeiro depoimento foi de Antônio Lourenço, que foi secretário-executivo do Ministério da Justiça quando Torres era ministro. Ele afirmou que ficou preocupado quando Torres recebeu um convite para participar de uma live com o ex-presidente Jair Bolsonaro em julho de 2021, porque se tratava de uma pauta polêmica.
Antônio Lourenço minimizou a participação de Torres, dizendo que ele se ateve a questões técnicas. Na citada live, Bolsonaro espalhou notícias falsas contra as urnas eletrônicas.
O ex número dois da Justiça também foi questionado sobre a tentativa de invasão do edifício sede da Polícia Federal em Brasília, em 12 de dezembro de 2022. O ministro Alexandre de Moraes quis saber porque o Ministério da Justiça não tomou nenhuma medida naquela ocasião, e citou uma postagem do depoente na rede X, criticando então o ministro Flávio Dino, dizendo que, “ele fez um estardalhaço sem motivo”. Sobre esse assunto, o depoente depois voltou atrás e disse que carregou demais nas tintas. Sobre o depoimento do coronel da PM do Distrito Federal, Rosivan Correia, ele disse em determinado momento que a PM do Distrito Federal não estava subordinada à Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal no 8 de janeiro, pasta que era comandada por Anderson Torres. Ele disse que se tratava apenas de uma vinculação. Morais disse que se fosse assim, o secretário seria uma espécie de “rainha da Inglaterra”. Depois disso, o depoente também voltou atrás e disse que havia, sim uma certa subordinação.
Depoimentos de ontem (27/5) c4646
Nessa terça-feira (27/5), testemunhas de defesa de Anderson Torres também prestaram depoimento no STF. O diretor de operações da Polícia Rodoviária Federal durante o governo Bolsonaro, Djairlon Moura, confirmou que recebeu ordens do Ministério da Justiça para fazer blitze em ônibus na região nordeste, no dia do segundo turno das eleições de 2022. Mas ele negou que a operação tivesse viés político e fosse para atrapalhar eleitores. De acordo com Moura, o objetivo era apenas inspecionar transporte irregular de pessoas e de dinheiro.
Essa tese é questionada pela Procuradoria Geral da República e por testemunhas, que afirmam que o Ministério pediu dados sobre municípios com mais de 75% de votos para Lula para mapear as ações da PRF. Outras testemunhas disseram que Anderson Torres não levou para as reuniões da PRF qualquer medida de abolição do Estado Democrático de Direito, embora a Polícia Federal tenha encontrado uma minuta de golpe na casa do ex-ministro.
Em relação aos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Saulo Moura da Cunha, explicou que a agência emitiu alertas desde a semana anterior sobre manifestações convocadas para a data. No entanto, a Abin só teve certeza de que os manifestantes iriam para a Esplanada dos Ministérios no próprio dia dos ataques.
A coronel da Polícia Militar do Distrito Federal, Cíntia Queiroz de Castro, foi questionada sobre medidas para evitar o 8 de janeiro. Ela explicou que foi feito um plano de segurança com vários órgãos, mas que isso não teria sido seguido. Anderson Torres era o secretário de segurança pública do DF na época.
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