O Supremo Tribunal Federal (STF) ouve, nesta sexta-feira (23/5), mais quatro testemunhas de defesa no processo sobre a tentativa de golpe de estado. Nesta etapa, os depoimentos se relacionam aos réus do núcleo crucial da trama, entre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Um dos depoentes de hoje é o ex-vice-presidente da República e atual senador, general Hamilton Morão. Ele é um uma das testemunhas de defesa do general Augusto Heleno, junto com outros dois militares. Um deles é o coronel Augusto Soares, que foi coordenador da segurança pessoal do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O STF também ouve hoje as testemunhas de defesa do ex-comandante da Marinha Almir Garnier. Segundo as investigações, Garnier foi o único chefe das Forças Armadas que colocou as tropas à disposição de Jair Bolsonaro para uma tentativa de golpe. Então, será ouvido como testemunha dele o atual comandante da Marinha, Marco Sampaio Olsen.
Pela manhã foram interrogadas uma testemunha dos réus Alexandre Ramagem e general Braga Netto. Destaque para o depoimento de Carlos Afonso Coelho, ex-diretor adjunto da Abin. Ele foi indicado por Ramagem e, durante o depoimento, o ministro Alexandre de Moraes autorizou que ele ficasse em silêncio e respondesse apenas perguntas que não pudessem incriminá-lo de alguma forma, já que ele também á investigado no caso da Abin paralela.
Coelho disse que os responsáveis pelo sistema First Mile agiram de forma relutante e até de forma agressiva quando foi sugerida uma fiscalização sobre o uso dessa ferramenta.
As testemunhas ouvidas são militares sem ligação com os fatos investigados, mas todas são amigas do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordem de Jair Bolsonaro. A intenção da defesa foi traçar um perfil positivo de Cid, com exemplos de uma boa conduta militar, para afastar a interpretação de que ele era propenso a algum plano golpista.
Mas o que chamou a atenção foi o depoimento do general Júlio César Arruda, que também é testemunha de defesa de Jair Bolsonaro. O general era o comandante do Exército na época dos ataques às sedes dos três poderes, em 8 de janeiro de 2023, e foi demitido pelo presidente Lula após duas semanas no cargo. Na época, Arruda barrou a entrada da Polícia Militar no QG do Exército, onde os apoiadores de Bolsonaro estavam acampados. Essa atitude impediu a prisão em flagrante das pessoas que estavam no local, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes. A prisão só ocorreu no dia seguinte.
O general negou essa informação e disse que só não permitiu a ação dos policiais militares naquele momento para que a operação fosse feita de forma coordenada. O ex-comandante do Exército também negou que, na noite de 8 de janeiro, desafiou o então comandante da Polícia Militar do Distrito Federal, dizendo que as tropas do Exército eram maiores, quando a PM veio prender os golpistas que ainda estavam no acampamento.
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