As preocupações do Papa Francisco com as questões ambientais, notadamente a defesa da Amazônia, são uma das pistas de onde pode vir o sucessor do pontífice argentino.
Em meio a especulações, estudiosos da igreja ressaltam os legados do único Papa não-europeu em mais de 200 anos.
Para a socióloga e mestra em ciência da religião, Tabata Tesser, o fato de Francisco ter nomeado cerca de 80% dos 135 cardeais que vão votar no conclave é um indicativo de que, em certa medida, a proposta teológica reformista, humanista, mas tradicional dele, pode ser revigorada com o sucessor.
“Esse novo Papa vai ter um desafio enorme que é se posicionar diante do cenário geopolítico internacional. Papa Francisco fez isso e tomou lado na guerra entre Israel e Palestina, pediu um cessar fogo. Também será um desafio desse novo Papa se posicionar diante do papel dos Estados Unidos na geopolítica internacional”.
O teólogo e escritor Leonardo Boff lembra que Francisco era da vertente da Teologia da Libertação e que deixa como principal legado um projeto de igreja, de mundo, pensado por Cristo, que é o de luta pela libertação da consciência e da cultura oprimidas:
“O grande desafio que ele colocou para si mesmo foi cuidar da vida que está ameaçada e cuidar da terra como casa comum que também está ameaçada.”
Leonardo Boff acrescentou que não ficaria surpreso se o cardeal da Amazônia, Dom Leonardo Steiner, fosse escolhido pontífice.
“Homem que fala várias línguas, que tem um amor incansável pelos indígenas, que sempre defendeu a Amazônia e que o Papa, de vez em quando, perguntava ele: como é que vai a nossa querida Amazônia?”
Leonardo Boff lembra também do cardeal de Jerusalém, o italiano Pierbattista Pizzaballa,
como sendo outro que tem grande chance de chegar ao papado e que é citado em bolsas de apostas.
A cientista social e bacharel em teologia, Brenda Carranza, destaca como grandes legados de Francisco a luta contra o negacionismo, o discurso de ódio da ultradireita em sua crescente escalada mundial e pelo fim da segregação e do extermínio de imigrantes em todo mundo. Brenda ressalta ainda as profundas mudanças que Francisco fez ao abrir a igreja para a participação feminina em pontos importantes de comando, inclusive no Banco do Vaticano.
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