Oficialmente, o Clube da Esquina ganhou o registro do nome e conquistou fama a partir da esquina das ruas Paraisópolis e Divinópolis, no bairro de Santa Teresa, em Belo Horizonte. Era ali que, sem quaisquer compromissos com o mercado musical, jovens músicos mineiros reuniam-se para conversar, tocar e trocar impressões sobre isto ou aquilo.
Era atitude muito natural. Quem tivesse um violão, uma calça velha, azul e desbotada; um casaco militar ou bute, objetos que remetiam a memória da Guerra do Vietnã, estava vestido e pronto para a grande revolução aquariana. Afinal, as camisetas ainda enfeitavam os peitos com a frase “Paz & Música”, extraída do slogan "Uma Exposição Aquariana: 3 Dias de Paz & Música", que havia mobilizado os olhos e os ouvidos do mundo para o Festival de Woodstock, no Estados Unidos.
Foi sob este clima da época que Milton Nascimento, Lô Borges, Toninho Horta, Beto Guedes, Marcio Borges, Túlio Mourão, Fernando Brant, Ronaldo Bastos e Wagner Tiso, entre outros músicos mineiros, se reuniram naquela esquina e pensaram gravar um disco. Um disco que fosse a trilha daqueles anos, em que a canção tivesse como musa, não a mulher, mas a liberdade; não a morte, mas o sonho; não a dor, mas a esperança. E funcionou. Cheios de sons e de ideias, Beto Guedes e Lô Borges que, com Milton Nascimento, formavam o trio de cantautores mais fecundo do grupo, lançaram, em 1972, o álbum duplo “Clube da Esquina”.
O som que parecia brotar do interior de uma secular igreja mineira direcionou mentes e corações sonhadores, à beira de se perderem noutras esquinas ou encruzilhadas. Por isto, apesar de, historicamente, ter o nome ligado um determinado ponto geográfico, na verdade, o Clube da Esquina foi uma catarse coletiva e abriu as porteiras para o que o mundo ouvisse o que Minas Gerais propunha de renovador para a MPB.
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