Para comprovar que o Cerrado, e qualquer outro bioma brasileiro, gera emprego e renda a partir da preservação da natureza, a equipe do Caminhos da Reportagem percorreu o Distrito Federal e Goiás, locais em que o Cerrado reina praticamente soberano.
Na Chapada dos Veadeiros, uma das áreas mais exuberantes do bioma, os repórteres Flavia Peixoto e André Rodrigo Pacheco conheceram de perto as iniciativas e o modo de vida dos Kalunga: 8 mil quilombolas que se dividem em 39 comunidades entre os municípios de Cavalcante, Monte Alegre de Goiás e Teresina de Goiás.
A guia turística Januária de Sena leva visitantes de todo Brasil e de partes do mundo para conhecer as belezas naturais do Território Kalunga, e conta que a sustentabilidade é a chave do local. “Nós estamos na nossa sexta geração sem precisar desmatar”, diz com orgulho.
Assim como os indígenas, os quilombolas são grandes defensores do meio ambiente. Não é à toa que 83% dos 262 mil hectares do Território Kalunga são de Cerrado intocado.
Ainda na Chapada dos Veadeiros, nós conversamos com dois empresários que trocaram São Paulo pelo interior de Goiás. Um desses empreendedores, o Richard Avólio (Pousada das Araras), comprou uma antiga fazenda desmatada e recuperou 90% da vegetação. “O turismo no Cerrado é a chance de viabilizar a manutenção dessas áreas em pé”, afirma.
Já Fabio Padula (Reserva Bacupari) garante que ser um produtor de ambiente “gera uma boa receita financeira. É um outro modelo daquele que a gente foi condicionado de uso da terra que é o modelo fazenda”. Na sequência, revela que a propriedade dele – que ganhou o selo de Reserva Particular do Patrimônio Natural – se valorizou 500% desde que ele desembarcou na Chapada.
No Distrito Federal, sempre lembrado por abrigar a sede dos Três Poderes, há exemplos de empresários e grandes produtores rurais que também lucram com a natureza em pé.
O fazendeiro Adriano Galvão, por exemplo, garante que a reserva obrigatória de Cerrado na propriedade supera os 20% que a lei determina. Além disso, ele abriu espaço para pesquisadores da Embrapa e de universidades. “A gente colheu soja, está com milho e vai entrar com gado. Você tem safra, safrinha e gado na mesma área. Então, é o mesmo hectare produzindo três vezes durante o ano”, explica.
“O Cerrado em pé é extremamente importante para o Brasil e a recuperação do Cerrado é extremamente importante para o mundo enfrentar as mudanças climáticas”, lembra o gerente de pesquisa do Instituto Escolhas, Rafael Giovanelli.
Ficha técnica
Reportagem: Flavia Peixoto
Reportagem cinematográfica: André Rodrigo Pacheco
Auxílio técnico: Alexandre Souza
Produção: Carol Oliveira e Cleiton Freitas
Edição de texto: Paulo Leite
Edição de imagem e finalização: Rivaldo Martins
Arte: Aleixo Leite, Caroline Ramos e Wagner Maia
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